Por Ivonete Gomes
Em uma das lições dispostas ao longo de treze capítulos, o clássico chinês ensina que “os que antecipam, se preparam, chegam primeiro ao campo de batalha e esperam ao adversário estão em posição descansada”. Outros trechos da obra também revelam o quão vantajoso é fingir debilidade. Grosso modo, análise dos dois conselhos leva ao entendimento de que quem ataca primeiro tem chances reais de vitória e, às vezes, é conveniente ser débil ou, como diria a sabedoria popular, fingir-se de morto. Leve-se em consideração que assim como a Bíblia a Arte da Guerra tem suas convenientes interpretações.
Coincidência, instrução ou conveniência viu-se a aplicabilidade dessas duas técnicas de Sun Tzu, na última quarta-feira, pelo presidente da Assembléia Legislativa, Valter Araújo (PTB), ao desferir impiedosos ataques a Procuradoria Geral do Estado e ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintero). As críticas são referentes à inconstitucionalidade, decretada pela Justiça, de artigos da Lei 420/2.008 que tratam da progressão funcional dos professores. Para o deputado culpa exclusiva dos procuradores que nada fizerem e representantes sindicais que teriam argüido análise de constitucionalidade em Mandado de Segurança.
Salvaguardando a conclusão de que o parlamentar líder é bom discípulo do sábio militar chinês, analisemos os fatos começando pela associação da lição ATACAR PRIMEIRO. Valter Araújo reuniu boa parte da imprensa para revelar que a PGE e o Sintero agiram de forma a prejudicar 3.500 profissionais da educação, mas não explicou que o projeto de lei elaborado por comissão formada pelo então governador Ivo Cassol, não teve a participação do sindicato, à época queixoso em várias e exaustivas notas publicadas em veículos de comunicação. O presidente também foi omisso quanto ao fato de que mesmo tendo partido da própria equipe, Cassol alterou o projeto, encaminhando à Assembléia com algumas supressões de artigos, abrindo entendimento futuro de inconstitucionalidade.
Há o questionamento do porquê, mas o ataque de Valter Araújo tem reflexos imediatos e o primeiro deles é azedar as relações do Sintero junto a categoria dos educadores. O Governo também foi colocado em xeque pelo o que o parlamentar julgou omissão dos procuradores, em especial de uma procuradora a quem ele vem atacando sistematicamente, há duas semanas, através de assessores. Para insinuar conluio dentro da PGE contra os professores, Valter Araújo chegou a expor a vida pessoal da procuradora, revelando o namoro com um colega de trabalho.
Contrapondo-se aos ataques, a assessoria jurídica do Sintero comandada pelo presidente da OAB no Estado, Hélio Vieira, garante que não foi intimada da decisão judicial, mas vai recorrer embasado em entendimento pacífico do Supremo Tribunal Federal (STF) de que não é necessário novo concurso público para progressão. Informou ainda Hélio Vieira, que à época da decisão em primeira instância a PGE dispôs-se a elaborar novo projeto, sanando assim quaisquer vícios de inconstitucionalidade.
Já o governador Confúcio Moura, altamente comprometido com os profissionais da Educação durante o período eleitoral, calou-se diante das acusações de omissão no seu Governo. Segundo os assessores, estão mantidas as garantias firmadas pelos procuradores que “obviamente devem cumprir determinação judicial e procurar solução através de novo projeto”.
Quanto à segunda lição de Sun Tzu FINGIR DEBILIDADE, ou da sapiência popular do fazer-se de morto, analisemos: o projeto de lei elaborado pelo governo Cassol foi inteiramente aprovado pela Assembléia Legislativa. Valter Araújo não só era deputado como também MEMBRO DA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, portanto, por ele passou a inconstitucionalidade que hoje é remetida a outros.
Sun Tzu é mesmo o máximo!!!
Eu digo - Todo este caso está mais para MAQUIAVEL
Fonte - Rondoniagora
Veja os comentários - Abaixo apenas um deles
Fui professor por dezesseis anos, na rede pública municipal e uns três anos como emergencial na estadual. Um dia parei para pensar e analisar minha vida como professor. Cheguei à conclusão que não havia adquirido nada de importante com os salários que recebia. Ganhei sim, muitos cabelos brancos de tanto sofrimento de lutas para ter pelo menos o que comer. Resolvi abandonar a sala de aula. Hoje estou muito bem trabalhando oito horas por dia, sem levar trabalho para casa, sem ser ameaçado pelos maus alunos e pais incompreensivos. Já comprei até casas, motos e estou comprando alguns carros, graças a minha decisão corajosa de abandonar o que eu mais gostava de fazer. Está chegando o tempo em que muitos professores farão o mesmo que eu fiz. -E aí? -Como será a educação do futuro? Alguns professores de áreas específicas já estão faltando no mercado. -Como resolver esse problemão? E você, quer encarar essa tarefa?
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