quinta-feira, 18 de agosto de 2011

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Canibalismo cultural no Brasíndio

Na manhã chuvosa em que o português aqui chegou e vestiu o índio, lançou sobre este a sina de um continente inteiro: mortes, doenças e destruição. Em poucos séculos, passou-se do escambo ao escândalo nas páginas de jornais mundiais, nos quais, hoje, o índio figura como selvagem descontestualizado. Tornou-se estrangeiro em sua própria terra.

Durante a tarde, os europeus fizeram questão de adoçar a boca guarani com açúcar e presenteá-lo com espelhos, mas não demorou para que a situação ficasse clara. Os que sorriam frente ao reflexo viveram para levá-los até o ouro e os que desconfiaram morreram de imediato. Em 2008 a situação não é diferente. Quem se curva ao branco, vira as costas para tradições e recusa o sangue vermelho alcança o lugar ao sol na civilização que julgamos ideal por estar inserida no mundo capitalista-tecnológico e rolo compressor dos oprimidos.

Porém, existem os remanescentes que insistem em lutar por seus direitos mesmo que para isso espanquem engenheiros ou matem garimpeiros. Querem apenas uma parte do imenso território grilado pelos parentes de Martim. Logo, não cabe à sociedade dita “civilizada” optar pelo futuro dos índios no Brasil. Na verdade, esses já fizeram essa opção uma vez que enquanto uns sonham a preservação de um idioma e costumes genuínos, outros possuem casas na cidade, dirigem carros potentes e administram muito bem as madeireiras e garimpos ilegais da família.

Consequentemente, para resolver questões como os conflitos nas Reservas Raposa Serra do Sol e Ianomâmi serão necessárias forças e medidas mais pontuais e enérgicas por parte do governo, pois, há muito, Potis, juntamente com rizicultores, matam Peris pela posse da
terra. De fato, o índio legítimo é espécie em extinção. Que pena! Fosse uma manhã de sol o índio teria despido o branco.

Nathalia Hatsue Oushiro
Criar Ribeirão Preto

Fonte aqui

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